7 de janeiro de 2014


Para que você se anime

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Para que você se anime...
Não sou de uma geração que se preocupou, em algum momento, lá atrás, com atividade física. Entre as últimas dos “baby-boomers”, coisas como ginástica e cuidados com a saúde do corpo eram, para nós, a reprodução das aulas de Educação Física, onde prendíamos a marchar (é sério, afinal, ainda eram os anos de chumbo).
As moças, fazíamos aulas de balé, sim. Mas não era com vistas a cuidar da musculatura. A ideia era fazer balé para desenvolver a delicadeza, a elegância e — quem sabe — uma boa postura. E só. Os moços bacanas praticavam algum esporte, pouco, geralmente um esporte individual como tênis ou natação (nada de esportes coletivos: a ditadura não gostava mesmo destas coisas de gente nova reunida), mas também não havia preocupação com a saúde. O esporte funcionava mais como um “índex do status quo”, que dizia a uns e outros quem eram uns e outros...
Na verdade, moços e moças bacanas, naqueles tempos, deveriam pensar e articular grandes ideias (fosse para fazer a revolução socialista, fosse para dar um improvement aos negócios do pai), e as coisas do corpo reservavam-se aos “outros”. (Não que fossemos carolas, aliás, fomos muito mais livres ao usar o corpo como instrumento de prazer que as gerações mais novinhas que vieram por aí, mas isto é outra historia!).
A real mesmo funcionava assim: ou você era daqueles que mudariam o mundo, ou você praticava esporte — como se uma coisa excluísse a outra! É esquisito, né, principalmente para os mais novos que nos leem, mas lembrem-se de que a minha geração achava muito elegante fumar e muito horrível amamentar (“Credo, os seios vão cair...”).
Mas, afinal, o tempo passou e estamos envelhecendo. Estão chegando as dores, a fragilidade, a falta de absorção de cálcio, a falta de vitamina D, a falta de hormônios... E pra continuar pensando com lucidez — e procurando qualquer outra nova revolução pra iniciar — precisamos cuidar daquela parte do todo que anda nos traindo: o corpo. É preciso parar de fumar, praticar alguma atividade física, reagir ao inevitável da condição humana...
Foi assim que fui parar na musculação. Achava que não conseguiria, que cairia de tonta ao sair da esteira (nos primeiros dias quase caí mesmo), que o pulmão não responderia, que as pernas tremeriam tanto que não pararia em pé (um pouco assim, no início)... Mas, coisa boa: não só estou dando conta, como vejo meu corpo se modificar e se embelezar dia a dia. Além disso, todas aquelas tristezas inexplicáveis parecem coisas de outra pessoa, hoje.
E, finalmente, pra quem pensava que se tornaria uma abobalhada, alienada, preocupada com “valores menores” como um corpo bem cuidado, a verdade é que — ao contrário — estou muito mais lúcida e capaz de articular ideias bem mais interessantes depois de iniciada a ginástica.
Então, isso tudo pra dizer: se você que é desta mesma geração (você sabe...), ainda não começou a praticar esporte, encoraje-se! É tudo de bom e mais: nem é tão difícil assim pra gente como nós, gente que vem sobrevivendo muito bem a um mundo que nos ensina tudo novo a toda hora...
Ana Issa é socióloga, pós-graduada em Teoria da Comunicação e Comunicação e Mercado. 

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