2 de fevereiro de 2016


Pump levanta bunbum

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Método PUMP: EFICAZ?
Muito tem se falado nas redes sociais sobre a técnica Pump, e na maioria das vezes o que se vê são opiniões emitidas de forma totalmente equivocada; ora é uma nutricionista que nunca recebeu ou aplicou Pump, com isso, não fala “coisa com coisa”, e ainda diz que só dieta e exercício são capazes de melhorar o aspecto da região glútea; ora é um educador físico “preconceituoso” inventando fisiologia para o procedimento e enaltecendo suas técnicas como algo realmente eficaz para melhora estética da região glútea; ora é um profissional de estética sem entendimento básico escrevendo tudo errado, e ainda inventado efeitos para a técnica; ora é um médico que mesmo sem nunca ter feito ou até sem ter lido nada sobre o assunto e, de forma soberba e leviana, exprime opinião criando fisiologias e lesões que não se comprovam em nenhuma literatura; e por fim, tenho visto alguns colegas fisioterapeutas, as vezes muito mais preconceituosos e, por ter “ouvido” falar sobre a técnica em algum lugar, acaba tendo uma ideia totalmente errado do procedimento e comete vários equívocos em sua avaliação do método.
Alguns desses comentários surgiram nestes dias numa reportagem escrita por uma bióloga, publicada no Diário de Biologia e reproduzida pelo site www.jornalciencia.com, na qual já fiz um comentário a respeito. Como a repercussão desta matéria tem sido muito grande no meio da estética, gerando comentários erróneos por vários colegas, ocasionando com isso preocupação em quem “vende” o procedimento, decidi postar algo para esclarecer a todos sobre alguns fundamentos da técnica Pump.
Em primeiro lugar, deixo claro que o Pump ainda não tem comprovação PUBLICADA de sua eficácia, mas tem fundamento suficiente para sua utilização. Além disso, também não há comprovação publicada sobre os malefícios causados pela técnica quem vem sendo propagado por alguns profissionais. Em segundo lugar, ressalto que todo procedimento realizado de forma inadequada irá gerar efeitos adversos e lesões, inclusive o PUMP.
Quanto aos efeitos fisiológicos do Pump, eu destaco 2 que justificam sua utilização em procedimentos estéticos:
1) Estímulo a circulação sanguínea durante a aplicação, e que se mantém por alguns minutos
Isto se dá tanto pela ação do vácuo que além de transportar o sangue para pele, estimula a “liberação” de histamina promovendo vasodilatação periférica. Nas figura 1, vê-se a temperatura na pele antes (29,9ºC) e após (32ºC) do uso do PUMP, nota-se um amento de cerca de 2ºC na temperatura local em virtude do aumento do fluxo de sangue.
  

2) Melhora a qualidade do colágeno da pele
Isto se baseia no estiramento da pele que ocorre dentro da ventosa durante o procedimento do Pump e, como mencionei acima, tem fundamento por meio de algumas publicações:
- Melis et al (2002) relataram que o estiramento da pele de porcos por 30 minutos resultou em mudanças histomorfológicas significativas de fibras de colágeno na derme (as fibras ficaram alinhadas na direção da força de estiramento – na pele flácida estas fibras estão dispostas desorganizadamente em várias direções)
- De acordo com Verhaegen et al (2012) ao se estirar a pele humana com força de 30 e 50 Newtons (por 24 e 30 minutos respectivamente) os feixes de colágeno apareceram significativamente mais grossas e mais espaçados, e houve alinhamento de fibras elásticas e colágeno.
- Segundo Bubakar et al (2014) o estiramento da pele (in vitro) aumentou a síntese de colágeno.
Ressaltamos ainda que o estiramento da pele no interior da ventosa do Pump por 30 min (tempo recomendado pra o procedimento), é inferior ao tempo de 60 minutos nos procedimentos de criolipólise, onde também ocorre o estiramento da pele de forma similar ao Pump, e que a maioria dos profissionais que usam este procedimento já atestam a melhora da flacidez da pele. Este efeito de melhora consistente na textura e flacidez da pele pós-criolipólise foi denominado de Criodesmastringo (Stevens, 2014) e atestado por alguns autores (Carruters et al, 2014) como sendo um efeito secundário benéfico da criolipólise.
Apesar da falta de estudos específicos para atestar a real eficácia do método Pump, entendemos pelo exposto fundamentado, que o “estiramento” da pele por um curto período de tempo traz benefícios, e é esta a justificativa para o uso do PUMP.
E apesar dos vários comentários da existência de lesões pós-Pump, alertamos que não há publicações atestando esses malefícios e, como já dissemos qualquer procedimento terapêutico feito de forma inadequada irá gerar sequelas, inclusive o PUMP. Por isso, eis algumas dicas para tornar o procedimento mais seguro e eficaz:
- Tempo de aplicação: Até 30 minutos
- Periodicidade: 2 x por semana (se não houver incidência de lesões na pele)
- Pressão do vácuo:
a) Pressão mínima suficiente para “encher” a ventosa com a estrutura de pele e gordura da área alvo;
b) Modo: Contínuo ou pulsado (no caso de peles mais sensíveis).
- Uso de vacuoterapia tradicional ou endermoterapia antes da aplicação da ventosa. Verificamos isso em sala de aula e hoje tenho indicado aos meus alunos. Na figura 2 mostramos na letra “a” o uso da vacuoterapia somente no glúteo esquerdo; na letra “b” nota-se a hiperemia comum pós aplicação nesta região; após o uso do Pump (letra “c”), nota-se que a pele do glúteo direito apareceu com manchas escuras características da agressão na pele pelo vácuo do Pump, entretanto, o glúteo esquerdo (onde se utilizou o vácuo previamente) não apresentou a mancha escura vista no lado oposto (letra “d”). Ainda não sabemos o real motivo deste “efeito protetor” do uso da vacuoterapia antes do Pump, mas acreditamos que o estimulo circulatório local possa proteger a pele do efeito de vácuo ocasionado pelo Pump.

- Atualmente o Pump é associado com Radiofrequência e Eletroestimulação Muscular (Correntes BMAC) para melhora estética da região glútea, isso tem dificultado a comprovação do mesmo acerca de seus reais efeitos. Não contraindicamos esta prática, pois não temos verificados efeitos deletérios de sua associação, ao contrário, isto tem trazido ótimos resultados no quadro estético geral da região glútea.
Alertamos ainda para alguns mitos e inverdades sobre a técnica Pump muito difundidos e criticados com razão, neste caso:
- O Pump quebra células de gordura? Não, isso é MITO!
- 1 Sessão de Pump é igual a 1000 exercícios musculares? Não, isso é mentira!
- O Pump causa flacidez da pele? Não, pelo contrário, melhora a flacidez!
- O Pump possui comprovação científica para seus resultados?  Ainda não, apenas justificativa publicada para seu uso!

Por fim, entendemos a real necessidade sobre estudos e comprovação científica acerca dos métodos terapêuticos utilizados na área da estética. Entretanto, não podemos deixar de admitir que vários métodos utilizados durante muito tempo em afecções estéticas só vieram a ser comprovados após anos de sua utilização, portanto, acreditamos que a análise dos fundamentos de qualquer técnica, ainda sem comprovação, deve ser feita com critério e bom senso, a fim de nortear uma opinião mais fidedigna sobre o assunto em discussão.

Fabio Borges

Referências:
- Bubakar, EA; Jibrin, AA; Sulayman, I.  Effect of Mechanical Stretching of the Skin on Collagen Fibril Thermal Stability. Nigerian Journal of Basic and Applied Science (March-JUne, 2014), 22(1&2): 39-46
- Melis P, Noorlander ML, van der Horst CM, van Noorden CJ. Rapid alignment of collagen fibers in the dermis of undermined and not undermined skin stretched with a skin-stretching device. Plast Reconstr Surg. 2002 Feb;109(2):674-80; discussion 681-2.
- Verhaegen, PD; Schouten, HJ; Tigchelaar-Gutter, W;  Marle, J; Noorden, CJ; Middelkoop, E; Zuijlen, PP. Adaptation of the dermal collagen structure of human skin and scar tissue in response to stretch: An experimental study. Wound Repair Regen, 2012 setembro-outubro; 20 (5): 658-66.
- Stevens WG. Does Cryolipolysis Lead to Skin Tightening? A First Report of Cryodermadstringo. Aesthetic Surgery Journal - August 2014 34: NP32-34,
- Carruthers, J. et al. Cryolipolysis and Skin Tightening. Dermatologic Surgery: Dec 2014 - Volume 40 - Issue - p S184–S189

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